A usinagem é um dos processos mais críticos na indústria de fabricação, especialmente quando se trata de ferramentas de metal duro. No entanto, um dos desafios mais recorrentes nesse processo é a microfissuração, que pode comprometer a integridade da ferramenta e a qualidade do trabalho final. Neste texto será abordado sobre como evitar a microfissuração nas ferramentas de metal duro durante a usinagem, oferecendo orientações práticas e seguras para garantir que os processos de corte e torneamento sejam executados com eficiência.
A microfissuração é causada por uma combinação de fatores, como sobrecarga mecânica, aquecimento excessivo e uso inadequado da ferramenta. Portanto, entender as principais causas e como mitigá-las é essencial para qualquer operação que envolva usinagem.
A microfissuração pode ser considerada como pequenas rachaduras ou fraturas na superfície da ferramenta. Esses defeitos podem parecer insignificantes à primeira vista, mas, ao longo do tempo, podem resultar em falhas mais graves e na quebra completa da ferramenta. Aqui estão algumas das causas principais:
Temperatura Excessiva: Durante o processo de usinagem, o atrito entre a ferramenta e a peça de trabalho gera calor. Se a ferramenta não for capaz de dissipar esse calor de forma eficiente, as altas temperaturas podem causar microfissuras na superfície da ferramenta de metal duro. Isso é especialmente crítico em operações de alta velocidade.
Choques Térmicos: Mudanças bruscas de temperatura, como o uso de líquidos de arrefecimento inadequados ou o resfriamento excessivo da ferramenta após um processo quente, podem causar choque térmico. Esse choque pode levar a tensões internas na ferramenta, resultando em microfissuras.
Sobrecarga Mecânica: Se a ferramenta estiver sujeita a forças excessivas ou inadequadas, seja pela velocidade de corte, avanço ou profundidade de corte, a sobrecarga pode induzir fissuras. O uso de parâmetros incorretos de usinagem pode sobrecarregar a ferramenta e reduzir sua vida útil.
Desgaste por Abrasão: Outro fator importante que contribui para a microfissuração é o desgaste abrasivo da ferramenta. O contato constante entre a ferramenta e a peça de trabalho resulta no desgaste da superfície da ferramenta, o que pode facilitar o surgimento de fissuras.
Uma das melhores formas de prevenir a microfissuração é selecionar corretamente o material da ferramenta de corte. As ferramentas de metal duro têm a vantagem de serem extremamente duras e resistentes ao desgaste, mas também são suscetíveis a fissurações devido a sua fragilidade natural.
Ao selecionar a ferramenta, é essencial garantir que ela seja adequada para o tipo de material a ser usinado e para as condições do processo. Ferramentas com uma composição adequada de carbonetos e revestimentos protetores podem aumentar a resistência ao desgaste e diminuir a chance de microfissuras.
Outro ponto fundamental para evitar a microfissuração nas ferramentas de metal duro é o uso de revestimentos de proteção. Revestimentos como o TiN (nitreto de titânio), TiAlN (nitreto de alumínio e titânio) ou o DLC (carbono tipo diamante) são usados para aumentar a resistência da ferramenta ao desgaste e ao calor.
Esses revestimentos formam uma camada protetora sobre a ferramenta, ajudando a dissipar melhor o calor gerado durante o processo de usinagem e reduzindo o atrito entre a ferramenta e a peça de trabalho. Isso diminui as chances de sobrecarga térmica e aumenta a vida útil da ferramenta.
Para evitar a microfissuração, é essencial usar parâmetros de corte adequados. A velocidade de corte, o avanço e a profundidade de corte devem ser ajustados conforme o tipo de material a ser usinado e o tipo de ferramenta utilizada. Parâmetros incorretos podem causar um aumento da temperatura e esforços excessivos sobre a ferramenta, elevando o risco de microfissuração.
Velocidade de Corte: O ajuste da velocidade de corte é um fator crítico. Em geral, quanto maior a velocidade, maior o calor gerado. Se a velocidade for muito alta para a resistência térmica da ferramenta, o calor excessivo pode resultar em microfissuras. É importante seguir as recomendações do fabricante da ferramenta e ajustar a velocidade conforme o material a ser usinado.
Avanço: O avanço também deve ser ajustado corretamente. Um avanço muito alto pode causar uma carga excessiva na ferramenta, resultando em microfissuras. O avanço deve ser ajustado de acordo com a resistência da ferramenta e o material de trabalho para garantir uma operação suave.
Profundidade de Corte: Profundidades de corte excessivas podem sobrecarregar a ferramenta e aumentar as chances de fissuras. Assim como nos outros parâmetros, a profundidade de corte deve ser ajustada de acordo com o material e a ferramenta usada.
O fluido de corte desempenha um papel importante na prevenção da microfissuração. Ele ajuda a dissipar o calor gerado durante o processo de usinagem e a reduzir o atrito entre a ferramenta e a peça de trabalho. No entanto, o uso inadequado do fluido de corte pode causar problemas.
Escolha do Fluido Adequado: Existem diferentes tipos de fluidos de corte, como óleos e emulsões. Cada tipo de fluido tem propriedades específicas que ajudam no resfriamento e lubrificação. A escolha do fluido certo para o tipo de material e processo é essencial para evitar o superaquecimento e os choques térmicos que causam fissuras.
Quantidade e Pressão do Fluido: É importante que o fluido seja aplicado na quantidade certa e com a pressão adequada. Uma aplicação insuficiente pode não resfriar adequadamente a ferramenta, enquanto uma aplicação excessiva pode causar choques térmicos, levando à microfissuração.
Além de ajustar os parâmetros de corte e utilizar o fluido de corte corretamente, a manutenção regular da ferramenta é fundamental. As ferramentas de metal duro devem ser monitoradas e inspecionadas periodicamente para garantir que estejam em boas condições de uso.
Substituição Oportuna: Ferramentas que apresentam sinais de desgaste excessivo devem ser substituídas imediatamente. O uso contínuo de ferramentas desgastadas pode aumentar o risco de microfissuração, além de comprometer a qualidade do produto final.
Afiamento: Ferramentas de corte que já passaram por vários processos de usinagem podem necessitar de afiação para garantir que continuem operando com eficiência. O afiamento inadequado pode resultar em sobrecarga na ferramenta, o que, por sua vez, pode causar fissuras.
Nos últimos anos, técnicas de monitoramento em tempo real têm se tornado cada vez mais populares no setor de usinagem. Sensores instalados em máquinas CNC, por exemplo, permitem monitorar a temperatura, vibrações e esforços aplicados durante o processo de corte. Essas informações podem ser usadas para ajustar automaticamente os parâmetros de usinagem, garantindo que a ferramenta opere dentro de condições seguras.
Essas técnicas também ajudam a prever quando a ferramenta está prestes a falhar, permitindo que a manutenção seja realizada antes que problemas, como a microfissuração, ocorram.
Além de focar na ferramenta de corte, é importante lembrar que o estado da peça de trabalho também pode influenciar na ocorrência de microfissuração. Superfícies irregulares ou materiais com impurezas podem aumentar a resistência ao corte, gerando mais calor e esforços excessivos na ferramenta.
Por isso, garantir que a peça de trabalho esteja bem preparada e limpa antes do processo de usinagem é crucial para prevenir o surgimento de fissuras nas ferramentas de metal duro.
Fatores externos, como a temperatura ambiente e a umidade, também podem influenciar a usinagem e a durabilidade das ferramentas de metal duro. Temperaturas muito elevadas ou mudanças bruscas de ambiente podem afetar a eficiência do processo de usinagem e aumentar o risco de microfissuração.
Ambientes controlados e estáveis, tanto em termos de temperatura quanto de umidade, ajudam a garantir que as condições de corte permaneçam estáveis e, assim, minimizam os riscos de fissuração.
Prevenir a microfissuração nas ferramentas de metal duro durante a usinagem requer uma abordagem cuidadosa e abrangente. Desde a escolha do material da ferramenta até o ajuste preciso dos parâmetros de corte e o uso correto de fluidos, todos esses fatores desempenham um papel importante na proteção das ferramentas. Além disso, o monitoramento constante e a manutenção preventiva são essenciais para prolongar a vida útil das ferramentas e garantir um processo de usinagem de alta qualidade.
Ao seguir essas orientações, é possível evitar problemas que possam comprometer a integridade das ferramentas e a eficiência do processo, garantindo resultados de alta precisão e qualidade.
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