A evolução das ferramentas de usinagem sempre acompanhou as necessidades da indústria de produzir peças com maior precisão, menor tempo de fabricação e custos mais competitivos. Desde o uso do aço rápido até os avanços atuais em cerâmicas e materiais superduros, a busca por maior eficiência e durabilidade foi constante. Nesse cenário, as ferramentas de metal duro se consolidaram como uma das maiores inovações, permitindo a realização de cortes mais rápidos, precisos e confiáveis.
Nos processos modernos, em que a velocidade e a qualidade da produção são fatores determinantes para a competitividade, o metal duro assume papel estratégico. Esse material, resultado da sinterização de carbonetos com ligantes metálicos, apresenta dureza elevada, resistência ao desgaste e capacidade de manter desempenho mesmo em temperaturas muito altas. Tais características fazem dele o principal aliado em operações de alta exigência, especialmente em usinagem seriada de componentes automotivos, aeroespaciais e na fabricação de moldes e matrizes.
A alta velocidade de corte é outro marco no avanço da manufatura, pois permite maior remoção de material em menos tempo, melhora o acabamento superficial das peças e reduz a necessidade de retrabalhos. No entanto, para que essa prática seja viável, é indispensável utilizar ferramentas capazes de suportar esforços extremos e manter estabilidade dimensional mesmo sob condições severas de atrito e calor. É exatamente nesse ponto que as ferramentas de metal duro demonstram sua relevância, já que oferecem uma combinação de dureza, tenacidade e resistência térmica que outros materiais dificilmente conseguem igualar.
O desempenho superior em ambientes de corte de alta velocidade mostra por que o metal duro é hoje um dos materiais mais utilizados na fabricação de ferramentas industriais. Ele garante produtividade, prolonga a vida útil da ferramenta e assegura resultados consistentes em processos que exigem tolerâncias rigorosas e eficiência máxima.
As ferramentas de metal duro são produzidas a partir de um processo de sinterização que combina partículas de carbonetos, geralmente de tungstênio, com um material ligante, como o cobalto. Essa mistura resulta em um compósito com dureza elevada e excelente desempenho em condições extremas de usinagem. A sinterização ocorre em altas temperaturas e pressões, criando uma estrutura sólida e homogênea que oferece o equilíbrio entre dureza e tenacidade, duas propriedades fundamentais para processos de corte de alta exigência.
O carboneto de tungstênio é o principal responsável pela dureza e pela resistência ao desgaste da ferramenta, enquanto o cobalto atua como agente de ligação, fornecendo a tenacidade necessária para evitar fraturas em situações de impacto. Essa combinação torna as ferramentas de metal duro extremamente versáteis e adequadas para uma ampla gama de aplicações industriais, desde o torneamento e fresamento até a perfuração de materiais mais resistentes.
Além disso, variações na proporção entre carboneto e cobalto permitem ajustes de desempenho. Um maior teor de carboneto aumenta a dureza, ideal para usinagem de materiais abrasivos, enquanto uma quantidade maior de cobalto eleva a tenacidade, favorecendo operações em condições de cortes interrompidos ou com maior vibração. Essa flexibilidade na composição é um dos motivos pelos quais o metal duro se tornou a base da maioria das soluções de usinagem de alta performance.
As ferramentas de metal duro possuem propriedades que as diferenciam dos demais materiais usados em usinagem. Sua dureza é muito superior à do aço rápido, mantendo-se mesmo em temperaturas elevadas, condição comum em processos de alta velocidade de corte. Essa característica garante maior vida útil da ferramenta e melhor acabamento das peças trabalhadas.
Outra propriedade importante é a alta resistência à compressão. O metal duro suporta pressões extremas sem deformar, o que o torna adequado para operações intensivas de remoção de material. O módulo de elasticidade elevado também proporciona rigidez durante o processo de corte, evitando desvios dimensionais e garantindo tolerâncias rigorosas nas peças produzidas.
A condutividade térmica é outro ponto de destaque. Apesar de não ser tão alta quanto a do cobre ou do alumínio, ela é suficiente para dissipar parte do calor gerado durante o atrito entre a ferramenta e a peça. Essa característica contribui para manter a estabilidade térmica, evitando danos ao fio de corte e reduzindo a necessidade de refrigeração intensa.
Além disso, as ferramentas de metal duro apresentam estabilidade dimensional mesmo após longos períodos de uso, o que significa que o desgaste ocorre de forma mais previsível. Essa previsibilidade facilita o planejamento de manutenção e substituição de ferramentas, reduzindo paradas inesperadas na produção e aumentando a eficiência do processo.
A compreensão da relevância das ferramentas de metal duro exige uma análise comparativa em relação a outros materiais utilizados em usinagem. Cada tipo de material apresenta vantagens e limitações específicas, mas o equilíbrio oferecido pelo metal duro o coloca como a escolha mais versátil e econômica para a maioria das aplicações industriais.
Aço Rápido (HSS): Esse foi o material predominante durante grande parte do século XX. Ele é barato, fácil de afiar e apresenta boa tenacidade. No entanto, perde dureza rapidamente em temperaturas acima de 600 °C, o que limita sua aplicação em velocidades mais elevadas. Em contraste, as ferramentas de metal duro mantêm sua dureza em temperaturas muito superiores, permitindo cortes mais rápidos e maior produtividade.
Cerâmicas: As ferramentas de cerâmica apresentam excelente desempenho em altas temperaturas, podendo trabalhar em condições que degradariam outros materiais. São muito resistentes ao desgaste abrasivo, mas possuem baixa tenacidade, o que as torna frágeis em operações com cortes interrompidos ou vibrações. O metal duro, por outro lado, consegue equilibrar dureza e tenacidade, oferecendo maior confiabilidade em cenários variados.
PCBN (Nitreto Cúbico de Boro Policristalino): Esse material é extremamente eficaz na usinagem de aços endurecidos e ligas ferrosas de alta dureza. Embora ofereça desempenho superior ao metal duro em algumas aplicações específicas, seu custo é muito mais elevado, o que restringe sua utilização a nichos de alta exigência. Nesse ponto, o metal duro se destaca como alternativa mais econômica e ainda altamente eficiente.
Diamante Policristalino (PCD): O diamante é o material mais duro conhecido, ideal para usinagem de alumínio, ligas leves e materiais não ferrosos. Entretanto, apresenta limitações ao usinar metais ferrosos, devido a reações químicas em altas temperaturas que comprometem a vida útil da ferramenta. As ferramentas de metal duro não sofrem dessa limitação e, por isso, podem ser usadas em uma gama muito mais ampla de aplicações industriais.
A análise comparativa mostra que, embora existam materiais superiores em determinados aspectos, nenhum deles oferece o mesmo equilíbrio entre desempenho, versatilidade e custo que o metal duro. Essa é a razão pela qual as ferramentas de metal duro se tornaram a base da usinagem moderna, sendo encontradas em praticamente todos os setores industriais que exigem alta produtividade e qualidade no corte.
A expressão “alta velocidade de corte” é utilizada para descrever processos de usinagem realizados em velocidades significativamente maiores do que aquelas aplicadas em métodos convencionais. Essa abordagem não significa apenas aumentar a rotação da máquina, mas sim encontrar um ponto de equilíbrio entre a velocidade da ferramenta, a resistência do material da peça e as características do material da ferramenta utilizada. Nesse contexto, as ferramentas de metal duro são fundamentais, pois conseguem suportar as temperaturas elevadas e as forças de atrito geradas nesse tipo de operação.
Na prática, a alta velocidade de corte busca maximizar a taxa de remoção de material sem comprometer a qualidade da peça ou a vida útil da ferramenta. Para que isso seja possível, é essencial que a ferramenta utilizada mantenha seu fio de corte afiado, tenha resistência mecânica adequada e ofereça estabilidade dimensional mesmo sob esforço contínuo.
A principal diferença entre a usinagem convencional e a usinagem em alta velocidade está na intensidade com que os parâmetros de corte são aplicados. Na usinagem convencional, a preocupação central está em manter a vida útil da ferramenta e garantir o acabamento adequado. Já em alta velocidade, o foco está em aumentar a produtividade, reduzindo o tempo de fabricação sem comprometer a qualidade.
Enquanto a usinagem convencional depende de ajustes frequentes e da limitação dos parâmetros de corte, a usinagem em alta velocidade exige materiais mais avançados para a fabricação de ferramentas. É exatamente nesse ponto que as ferramentas de metal duro se destacam, pois permitem operações em níveis de calor e pressão que seriam inviáveis para ferramentas de aço rápido ou outros materiais menos resistentes.
Outro diferencial importante é a geração de cavacos. Em velocidades convencionais, os cavacos tendem a ser mais longos, enquanto em altas velocidades eles se fragmentam em partículas menores. Esse fenômeno reduz a necessidade de intervenções no processo, contribui para maior estabilidade e minimiza riscos de danos à peça e à máquina.
O uso de ferramentas de metal duro em operações de alta velocidade proporciona uma série de benefícios que impactam diretamente a produtividade e a competitividade das indústrias.
Produtividade ampliada – a possibilidade de aumentar a velocidade de corte sem comprometer a qualidade final da peça garante ciclos de usinagem mais curtos. Isso significa que um número maior de peças pode ser produzido em menor tempo, aumentando a capacidade produtiva da empresa.
Qualidade superficial superior – em altas velocidades, o atrito controlado e a estabilidade da ferramenta proporcionam um acabamento superficial mais liso e uniforme. Isso reduz a necessidade de processos secundários, como polimento ou retificação.
Redução de tempo de ciclo – a combinação de maior velocidade de corte e menor necessidade de retrabalho diminui significativamente o tempo de ciclo de produção. Isso impacta positivamente os custos operacionais, permitindo que empresas atendam prazos mais curtos sem abrir mão da qualidade.
Eficiência energética – embora pareça contraditório, a alta velocidade de corte pode reduzir o consumo energético. Isso ocorre porque o tempo total de operação é menor, diminuindo o esforço contínuo da máquina.
Essas vantagens só são possíveis porque as ferramentas de metal duro mantêm suas propriedades em condições extremas, garantindo consistência e confiabilidade ao processo.
Apesar das inúmeras vantagens, a usinagem em alta velocidade também apresenta desafios que precisam ser considerados. O principal deles é o aquecimento excessivo. Em rotações muito elevadas, a geração de calor é inevitável, e se a ferramenta não for capaz de resistir a essas temperaturas, ocorre a perda de dureza, comprometendo o processo.
Outro desafio importante é o desgaste acelerado da ferramenta. Mesmo as ferramentas de metal duro, que apresentam elevada resistência, podem sofrer desgastes mais rápidos quando expostas a materiais extremamente abrasivos ou quando os parâmetros de corte não estão bem ajustados. Por isso, o monitoramento constante da condição da ferramenta é essencial.
A estabilidade do processo também deve ser destacada. Em altas velocidades, qualquer desvio ou vibração pode comprometer a qualidade da peça e reduzir a vida útil da ferramenta. Para contornar esse problema, é necessário investir em máquinas modernas, sistemas de fixação rígidos e balanceamento adequado dos conjuntos de corte.
Outro ponto que merece atenção é a necessidade de refrigeração eficiente. Em muitos casos, adota-se a técnica de mínima quantidade de lubrificação (MQL) ou até mesmo o corte a seco, aproveitando a resistência do metal duro ao calor. Entretanto, a decisão depende da aplicação e do material da peça, exigindo um planejamento adequado para evitar falhas prematuras.
Por fim, há o desafio do custo inicial. Embora as ferramentas de metal duro sejam altamente vantajosas em longo prazo, seu investimento inicial é mais elevado do que o de materiais convencionais, o que pode ser uma barreira para pequenas empresas. No entanto, o ganho em produtividade e a durabilidade compensam esse custo ao longo do tempo.
Um dos maiores diferenciais das ferramentas de metal duro é a capacidade de manter dureza mesmo em temperaturas extremamente elevadas. Em operações de alta velocidade de corte, a geração de calor é intensa devido ao atrito entre a peça e a ferramenta. Enquanto materiais como o aço rápido perdem suas propriedades mecânicas em torno de 600 °C, o metal duro consegue operar de maneira eficiente em temperaturas que podem ultrapassar os 800 °C.
Essa característica, conhecida como “dureza a quente”, garante que o fio de corte da ferramenta permaneça estável, sem deformações ou perda de desempenho, mesmo em condições de uso prolongado. Isso significa que a indústria pode aumentar a velocidade de corte sem comprometer a integridade da ferramenta, obtendo assim ciclos produtivos mais curtos e maior rendimento.
A dureza a quente também reduz a frequência de trocas de ferramenta, fator essencial em linhas de produção seriada, onde cada parada representa tempo e custos adicionais. Esse benefício se traduz diretamente em produtividade e confiabilidade nos processos industriais.
O desgaste das ferramentas é um dos principais problemas enfrentados na usinagem de alta velocidade. O contato constante com superfícies duras, aliado ao calor e à abrasão, compromete rapidamente o desempenho de materiais convencionais. As ferramentas de metal duro, no entanto, oferecem elevada resistência ao desgaste, prolongando consideravelmente a vida útil em comparação a outras alternativas.
Existem diferentes tipos de desgaste que podem ocorrer durante a usinagem: abrasivo, adesivo, difusivo e oxidativo. O metal duro é projetado para resistir à maioria desses mecanismos, especialmente ao abrasivo e ao difusivo, que são comuns em operações de corte acelerado. Essa resistência garante não apenas maior durabilidade, mas também estabilidade dimensional das peças fabricadas.
O resultado é um processo mais previsível, em que a ferramenta mantém desempenho uniforme durante boa parte de sua vida útil. Essa previsibilidade permite planejar trocas e manutenções de forma estratégica, reduzindo paradas inesperadas e aumentando a eficiência produtiva.
Apesar de apresentarem um custo inicial mais elevado em comparação com ferramentas de aço rápido, as ferramentas de metal duro oferecem uma relação custo-benefício superior. Isso ocorre porque sua maior durabilidade e capacidade de operar em altas velocidades resultam em uma redução significativa no tempo de usinagem e nas trocas de ferramentas.
Em linhas de produção que trabalham em regime contínuo, a diferença de desempenho é ainda mais perceptível. Cada minuto economizado em ciclo produtivo representa maior número de peças finalizadas, o que se traduz em ganhos financeiros substanciais. Além disso, a menor necessidade de retrabalho ou acabamento adicional contribui para a redução de custos operacionais.
Outro fator que reforça o custo-benefício é a possibilidade de utilizar menos fluido de corte. Em muitos casos, as ferramentas de metal duro permitem operações com mínima lubrificação ou até mesmo a seco, diminuindo gastos com insumos e facilitando práticas mais sustentáveis.
Em operações de usinagem de alta velocidade, a precisão é tão importante quanto a produtividade. As ferramentas de metal duro oferecem estabilidade dimensional superior, garantindo que as medidas da peça permaneçam dentro das tolerâncias especificadas ao longo de toda a produção.
Essa estabilidade se deve à rigidez estrutural do material e à sua baixa tendência a deformações sob cargas elevadas. Em contraste, ferramentas fabricadas em materiais menos resistentes podem sofrer deflexões durante o corte, comprometendo a qualidade final da peça e exigindo retrabalho.
Além disso, a estabilidade dimensional contribui para a consistência na produção em série. Peças fabricadas em larga escala precisam ter uniformidade para atender às exigências de setores como automotivo e aeroespacial. As ferramentas de metal duro garantem essa repetibilidade, evitando falhas e reduzindo o índice de rejeição de componentes.
Outro benefício é a possibilidade de trabalhar com tolerâncias mais apertadas, o que amplia o leque de aplicações da usinagem em alta velocidade. Isso é especialmente importante em indústrias que exigem precisão extrema, como a de moldes e matrizes.
Um dos formatos mais utilizados das ferramentas de metal duro é o inserto intercambiável. Esses pequenos blocos de corte, geralmente triangulares, quadrados ou redondos, são fixados em suportes metálicos e podem ser substituídos facilmente quando atingem o limite de desgaste. Essa característica elimina a necessidade de substituir toda a ferramenta, reduzindo custos e aumentando a eficiência na linha de produção.
Os insertos são largamente empregados em operações de torneamento, fresamento e mandrilamento. Sua versatilidade é reforçada pela ampla variedade de geometrias e revestimentos disponíveis, permitindo ajustes específicos de acordo com o material a ser usinado e o tipo de operação. Além disso, os insertos de ferramentas de metal duro suportam bem condições de corte severas, tornando-se ideais para ambientes de alta velocidade de corte.
Outro benefício dos insertos é a padronização. Muitas indústrias utilizam sistemas normalizados que permitem compatibilidade entre diferentes suportes e fabricantes, garantindo maior flexibilidade no gerenciamento de estoques de ferramentas.
Além dos insertos, as ferramentas de metal duro também estão presentes em formatos sólidos, como brocas, fresas e alargadores. Esses tipos de ferramentas são projetados para operações de perfuração, fresamento e acabamento de furos com elevado grau de precisão.
As brocas de metal duro permitem velocidades de avanço muito superiores às de brocas de aço rápido, com maior resistência ao desgaste abrasivo. Já as fresas, utilizadas em processos de desbaste e acabamento, oferecem rigidez e durabilidade, essenciais para cortes contínuos em altas rotações. Os alargadores, por sua vez, garantem a precisão dimensional e o acabamento fino de furos, algo fundamental em setores como o automotivo e aeroespacial.
Essas ferramentas sólidas são frequentemente aplicadas em máquinas CNC modernas, que operam em regimes de alta produtividade. A combinação entre velocidade, precisão e estabilidade proporcionada pelas ferramentas de metal duro nesses formatos torna possível reduzir significativamente o tempo de produção sem comprometer a qualidade final.
As ferramentas de metal duro podem ser ainda mais otimizadas por meio da aplicação de revestimentos avançados. Esses revestimentos, como o TiN (Nitreto de Titânio), TiAlN (Nitreto de Titânio e Alumínio) e Al?O? (Óxido de Alumínio), são aplicados sobre a superfície da ferramenta para aumentar a resistência ao desgaste e ao calor.
O TiN é conhecido por sua elevada dureza e baixo coeficiente de atrito, sendo uma escolha comum em operações gerais de usinagem. O TiAlN, por sua vez, oferece maior resistência à oxidação e é ideal para aplicações em alta velocidade de corte, especialmente na usinagem de aços endurecidos. Já o Al?O? destaca-se por sua excelente resistência térmica, tornando-se adequado para operações em que há geração intensa de calor.
Esses revestimentos prolongam a vida útil da ferramenta, reduzem a necessidade de refrigeração intensa e permitem trabalhar em velocidades mais elevadas. Dessa forma, eles potencializam ainda mais os benefícios das ferramentas de metal duro, garantindo maior produtividade e melhor qualidade superficial nas peças produzidas.
Além dos insertos e das ferramentas revestidas, existem também as ferramentas sólidas de metal duro, que são produzidas inteiramente a partir desse material. Essas ferramentas oferecem rigidez superior e são projetadas para aplicações que exigem alta precisão e resistência mecânica.
As ferramentas sólidas de ferramentas de metal duro são especialmente vantajosas em operações de fresamento e perfuração de peças complexas, onde a estabilidade e a durabilidade são fundamentais. Elas suportam bem esforços contínuos, mantendo o fio de corte afiado por longos períodos, mesmo em condições de usinagem agressivas.
Outro ponto positivo é que muitas dessas ferramentas podem ser reafiadas diversas vezes, prolongando ainda mais sua vida útil e reduzindo custos ao longo do tempo. Essa característica é bastante valorizada em indústrias que trabalham com grandes volumes de produção e precisam reduzir gastos operacionais sem perder qualidade.
As ferramentas de metal duro já possuem naturalmente resistência elevada ao desgaste e estabilidade em altas temperaturas. No entanto, quando submetidas a condições extremas de corte em alta velocidade, o desempenho pode ser potencializado por meio da aplicação de revestimentos especiais. Esses revestimentos funcionam como uma barreira protetora entre a superfície da ferramenta e o material da peça, reduzindo o atrito, retardando o desgaste e aumentando a vida útil da ferramenta.
Em ambientes de alta velocidade, o calor gerado durante a usinagem é intenso. Sem proteção adequada, esse calor pode comprometer a integridade da ferramenta, diminuindo sua dureza e, consequentemente, sua eficiência. Os revestimentos agem justamente nesse ponto crítico: melhoram a resistência térmica, reduzem a difusão de elementos químicos da peça para a ferramenta e dificultam a oxidação em altas temperaturas.
Além da proteção contra calor, os revestimentos também desempenham papel essencial na redução do atrito. Isso significa menor geração de cavacos aderidos, melhor qualidade de acabamento da peça e maior estabilidade dimensional. A soma desses benefícios torna os revestimentos indispensáveis para extrair o máximo desempenho das ferramentas de metal duro.
Os dois principais processos utilizados para aplicar revestimentos em ferramentas de metal duro são o PVD (Physical Vapor Deposition) e o CVD (Chemical Vapor Deposition). Ambos oferecem resultados altamente eficazes, mas cada um possui características próprias que os tornam mais indicados para determinadas situações.
PVD (Deposição Física de Vapor):
Nesse método, o revestimento é aplicado em temperaturas relativamente baixas, geralmente entre 400 °C e 600 °C. Isso garante que a geometria da ferramenta seja preservada, sem deformações ou alterações estruturais. O PVD é ideal para ferramentas com geometrias complexas, como fresas e brocas, e proporciona camadas finas e uniformes. Ele é bastante usado em aplicações que exigem resistência a oxidação e baixa fricção em altas velocidades.
CVD (Deposição Química de Vapor):
Nesse processo, o revestimento é aplicado em temperaturas mais altas, entre 900 °C e 1100 °C. O CVD permite a formação de camadas mais espessas, que oferecem excelente resistência ao desgaste abrasivo. É bastante indicado para operações de torneamento em larga escala, em que o desgaste severo da ferramenta é um problema comum. Embora as altas temperaturas possam alterar levemente as propriedades do substrato, o ganho em durabilidade geralmente compensa.
Ambas as tecnologias ampliam consideravelmente a vida útil das ferramentas de metal duro, mas a escolha entre PVD e CVD depende do tipo de aplicação, do material da peça a ser usinada e do equilíbrio desejado entre resistência ao desgaste e preservação da geometria da ferramenta.
Os revestimentos disponíveis no mercado oferecem diferentes níveis de desempenho, sendo escolhidos conforme a necessidade do processo de usinagem. A seguir, destacam-se alguns dos principais:
TiN (Nitreto de Titânio):
É um dos revestimentos mais tradicionais, conhecido por sua cor dourada característica. Proporciona alta dureza superficial, baixo atrito e resistência ao desgaste. Embora não seja o mais indicado para condições de altíssima temperatura, continua sendo uma opção eficiente para diversas aplicações gerais em usinagem com ferramentas de metal duro.
TiAlN (Nitreto de Titânio e Alumínio):
Este revestimento oferece resistência térmica superior, suportando temperaturas mais altas sem comprometer a dureza da ferramenta. É bastante utilizado em operações de alta velocidade de corte, principalmente em aços endurecidos. Além disso, cria uma camada protetora de óxido de alumínio que atua como barreira térmica.
Al?O? (Óxido de Alumínio):
Ideal para operações em que a resistência ao calor é fator determinante. O revestimento de óxido de alumínio oferece excelente isolamento térmico, permitindo que a ferramenta mantenha desempenho em temperaturas elevadas. Muito utilizado em torneamento de ferros fundidos e em processos de longa duração.
TiCN (Carbonitreto de Titânio):
Combina dureza elevada e menor coeficiente de atrito, sendo adequado para operações que exigem cortes suaves e acabamento de alta qualidade. É uma alternativa intermediária que equilibra desempenho e custo.
Em resumo, cada revestimento tem papel específico na otimização do processo. A escolha correta garante não apenas maior vida útil das ferramentas de metal duro, mas também redução de custos com manutenção, menor necessidade de fluidos de corte e maior confiabilidade nos resultados obtidos.
Durante operações de usinagem em alta velocidade, as ferramentas de metal duro estão constantemente expostas a esforços mecânicos e térmicos intensos, o que provoca diferentes formas de desgaste. Entender esses mecanismos é fundamental para prever a vida útil da ferramenta e definir estratégias de manutenção e substituição adequadas.
Abrasão: Ocorre quando partículas duras do material usinado entram em contato com a superfície da ferramenta, causando microarranhões e perda gradual do material. Esse é o tipo de desgaste mais comum e tende a se intensificar em peças de alta dureza ou abrasividade, como ferros fundidos e ligas endurecidas.
Difusão: Em altas temperaturas, há transferência de átomos entre a ferramenta e o material usinado. Esse processo químico provoca enfraquecimento da estrutura da ferramenta e perda de resistência, especialmente em cortes prolongados sem refrigeração adequada.
Oxidação: A exposição ao oxigênio em temperaturas elevadas causa reações químicas na superfície da ferramenta, formando óxidos que fragilizam a camada de corte. Essa forma de desgaste é comum em operações realizadas a seco ou em condições de refrigeração ineficientes.
Craterização: Caracteriza-se pela formação de cavidades na face da ferramenta que entra em contato com o cavaco. Esse tipo de desgaste é provocado principalmente pela difusão e pela pressão elevada exercida pelos cavacos em alta velocidade, reduzindo a eficiência do corte e podendo levar à falha prematura da ferramenta.
Cada um desses mecanismos pode atuar isoladamente ou de forma combinada, dependendo do tipo de material usinado, dos parâmetros de corte e das condições de refrigeração utilizadas.
Nas operações de corte em alta velocidade, o desgaste das ferramentas de metal duro se manifesta de forma bastante característica. Identificar esses sinais é essencial para que a substituição da ferramenta seja planejada no momento adequado, evitando falhas inesperadas e perdas de qualidade na peça.
Perda do fio de corte: O aresta de corte deixa de ser afiada, dificultando a penetração no material e aumentando a força necessária para a usinagem.
Formação de rebarbas: Quando o fio perde eficiência, o corte se torna irregular e podem surgir rebarbas nas extremidades da peça.
Mudança na coloração da ferramenta: O superaquecimento em alta velocidade pode gerar alterações visíveis na cor da ferramenta, indicando desgaste térmico.
Variações dimensionais na peça: A estabilidade dimensional é comprometida quando a ferramenta perde rigidez devido ao desgaste, resultando em tolerâncias fora do padrão.
Ruptura súbita: Em casos extremos, a combinação de desgaste excessivo e vibrações pode levar à quebra inesperada da ferramenta.
Reconhecer esses sintomas precocemente permite adotar medidas corretivas, como reduzir a velocidade de corte, ajustar a refrigeração ou programar a troca da ferramenta antes que a falha afete seriamente a produção.
Para maximizar a eficiência e prolongar a vida útil das ferramentas de metal duro, o monitoramento do desgaste é uma prática indispensável na indústria moderna. Há diversas estratégias que podem ser aplicadas:
Inspeção visual periódica: É o método mais simples, realizado por meio da observação direta da ferramenta. Apesar de eficaz em identificar desgastes avançados, não é suficiente para prever falhas prematuras.
Microscopia e medição dimensional: Técnicas mais precisas que permitem avaliar a perda de material e a condição do fio de corte com maior detalhamento.
Monitoramento de força de corte: Sensores instalados nas máquinas conseguem medir a variação da força aplicada durante a usinagem. Aumento repentino dessa força pode indicar desgaste acentuado.
Análise de vibrações: O desgaste da ferramenta altera o padrão de vibração da máquina. Sistemas modernos utilizam algoritmos para interpretar esses sinais e indicar o momento ideal para substituição.
Sistemas de monitoramento inteligente: Com a chegada da Indústria 4.0, sensores conectados a softwares de análise em tempo real permitem acompanhar o desempenho das ferramentas continuamente. Isso possibilita prever falhas, otimizar o uso de cada ferramenta e reduzir paradas inesperadas.
Essas estratégias de monitoramento, quando bem aplicadas, resultam em maior confiabilidade do processo produtivo, menores custos de manutenção e maior aproveitamento das ferramentas de metal duro.
O desempenho das ferramentas de metal duro depende diretamente da correta escolha dos parâmetros de corte. Entre eles, três são fundamentais: velocidade de corte, avanço e profundidade de corte. Cada um influencia de forma significativa a vida útil da ferramenta, a qualidade da peça e a eficiência do processo.
Velocidade de corte: Em ferramentas convencionais, o aumento excessivo da velocidade gera superaquecimento e desgaste acelerado. Porém, as ferramentas de metal duro são projetadas para suportar velocidades elevadas sem perda significativa de desempenho. A velocidade deve ser definida considerando o tipo de material da peça, a rigidez da máquina e a presença ou não de refrigeração. Materiais mais duros exigem velocidades menores, enquanto ligas leves permitem cortes extremamente rápidos.
Avanço: Refere-se à distância que a ferramenta percorre por rotação ou por movimento linear. Avanços muito altos podem sobrecarregar a aresta de corte e comprometer a qualidade do acabamento. Já avanços muito baixos podem gerar atrito excessivo, aumentando a temperatura e o desgaste. O ajuste ideal garante equilíbrio entre produtividade e durabilidade da ferramenta.
Profundidade de corte: Determina a espessura da camada de material removida. Profundidades elevadas aceleram o processo, mas aumentam as forças de corte e exigem ferramentas de maior resistência. As ferramentas de metal duro são capazes de suportar profundidades mais agressivas do que outros materiais, mas ainda assim é essencial ajustar esse parâmetro para evitar vibrações e instabilidade dimensional.
O segredo está em equilibrar esses três fatores para que a ferramenta opere em condições que maximizem a taxa de remoção de material sem reduzir drasticamente sua vida útil.
Além dos parâmetros de corte, a geometria da ferramenta também exerce influência significativa no processo. As ferramentas de metal duro podem ser fabricadas em diferentes formatos, ângulos de ataque e raios de ponta, cada um adequado para uma aplicação específica.
Ângulo de ataque positivo: Facilita a penetração da ferramenta no material, reduzindo as forças de corte e melhorando o escoamento dos cavacos. É especialmente útil para materiais macios e dúcteis, como alumínio.
Ângulo de ataque negativo: Proporciona maior robustez à aresta de corte, sendo indicado para usinagem de materiais duros ou cortes interrompidos.
Raio de ponta: Um raio maior distribui melhor as forças, aumentando a vida útil da ferramenta, mas pode gerar maior calor. Já um raio menor proporciona cortes mais finos e detalhados, porém com menor durabilidade.
A escolha da geometria adequada permite otimizar o desempenho das ferramentas de metal duro, garantindo não apenas maior resistência ao desgaste, mas também melhor acabamento da peça e estabilidade dimensional durante a usinagem.
O tipo de material a ser usinado é outro fator determinante na seleção dos parâmetros de corte. Cada material apresenta comportamento distinto durante a usinagem, exigindo ajustes específicos.
Aços: Na usinagem de aços carbono ou aços-liga, as ferramentas de metal duro oferecem excelente desempenho, permitindo velocidades médias a altas. Em aços endurecidos, no entanto, é necessário reduzir a velocidade e utilizar ferramentas com revestimentos especiais para resistir ao desgaste por difusão.
Ferros fundidos: Esse material é altamente abrasivo, exigindo resistência ao desgaste abrasivo das ferramentas. As ferramentas de metal duro com revestimento de óxido de alumínio são ideais nesse caso, suportando temperaturas elevadas e mantendo estabilidade no corte.
Ligas de titânio: São materiais de difícil usinagem devido à baixa condutividade térmica e alta resistência mecânica. Isso gera concentração de calor na aresta de corte. Para esses casos, recomenda-se reduzir a velocidade de corte e aplicar estratégias de refrigeração eficiente, garantindo maior durabilidade das ferramentas.
Alumínio e ligas leves: Nesse tipo de material, é possível utilizar velocidades de corte extremamente elevadas, já que a abrasividade é baixa. As ferramentas de metal duro com geometrias afiadas e revestimentos que reduzem a adesão de cavacos são as mais indicadas, proporcionando excelente acabamento superficial.
Adaptar os parâmetros de corte conforme o material usinado é essencial para explorar todo o potencial das ferramentas de metal duro. Isso garante não apenas maior produtividade, mas também menor índice de falhas e maior qualidade do produto final.
A indústria automotiva é um dos setores que mais se beneficia do uso de ferramentas de metal duro. Na fabricação de blocos de motor, cabeçotes, virabrequins e outros componentes críticos, a necessidade de usinagem em larga escala exige alta produtividade e consistência nos resultados. As peças automotivas, geralmente fabricadas em aços e ligas leves, precisam ser produzidas em grande volume e com tolerâncias rigorosas.
As ferramentas de metal duro permitem operações de fresamento, furação e torneamento em altas velocidades, reduzindo o tempo de ciclo e garantindo acabamentos de qualidade superior. Por exemplo, na usinagem de blocos de motor em alumínio, o uso de ferramentas com geometrias especiais e revestimentos que reduzem a adesão de cavacos assegura excelente desempenho e vida útil prolongada.
Outro ponto relevante é a durabilidade. Em linhas de produção automatizadas, qualquer parada para substituição de ferramenta representa custos elevados. Nesse sentido, o metal duro garante maior resistência ao desgaste, reduzindo trocas frequentes e aumentando a confiabilidade do processo.
Na indústria aeroespacial, os desafios são ainda maiores. Componentes estruturais e de motor são frequentemente produzidos em materiais de difícil usinagem, como ligas de titânio e superligas à base de níquel. Esses materiais apresentam alta resistência mecânica e baixa condutividade térmica, o que gera calor intenso na zona de corte.
As ferramentas de metal duro são essenciais para atender às demandas desse setor, pois oferecem dureza a quente e estabilidade dimensional mesmo sob condições extremas. Em operações como fresamento de asas, perfuração de fuselagens e usinagem de turbinas, a precisão é crítica, e o metal duro garante tolerâncias apertadas e acabamento superficial de alta qualidade.
Além disso, devido ao elevado custo dos materiais aeroespaciais, evitar desperdício é prioridade. As ferramentas precisam operar com confiabilidade máxima para reduzir falhas e retrabalhos. Nesse aspecto, o uso de geometrias otimizadas e revestimentos resistentes ao calor torna as ferramentas de metal duro indispensáveis para o setor aeroespacial.
O setor de moldes e matrizes exige ferramentas capazes de usinar aços de alta dureza, geralmente acima de 50 HRC. A complexidade geométrica das peças requer fresas de pequeno diâmetro e brocas com alta precisão, algo que seria inviável com materiais convencionais.
As ferramentas de metal duro permitem a fabricação de moldes de injeção plástica, matrizes de estampagem e ferramentas de conformação com qualidade superior. Sua alta dureza e resistência ao desgaste garantem a usinagem eficiente de materiais endurecidos, reduzindo etapas de polimento e acabamento.
Outro benefício é a possibilidade de aplicar estratégias de alta velocidade de corte. Isso acelera a produção de cavidades complexas e melhora o acabamento, reduzindo significativamente o tempo total de fabricação de moldes. O uso de fresas esféricas de metal duro, por exemplo, é comum para o acabamento de superfícies curvas e detalhadas em moldes de precisão.
Além dos setores automotivo, aeroespacial e de moldes e matrizes, as ferramentas de metal duro encontram aplicações em diversos outros segmentos industriais.
Indústria de energia: utilizadas na fabricação de turbinas, válvulas e componentes de usinas, onde materiais resistentes ao calor e à corrosão exigem ferramentas de alta performance.
Setor ferroviário: aplicadas na usinagem de rodas, trilhos e eixos, que demandam elevada resistência ao desgaste.
Indústria de petróleo e gás: fundamentais na produção de equipamentos de perfuração e válvulas de alta pressão, onde o desgaste abrasivo é intenso.
Indústria médica: usadas na fabricação de implantes e instrumentos cirúrgicos, onde a precisão e o acabamento superficial são essenciais.
A versatilidade das ferramentas de metal duro é tamanha que elas estão presentes em praticamente todos os segmentos industriais que dependem da usinagem de peças metálicas. Sua capacidade de combinar produtividade, qualidade e durabilidade as torna indispensáveis para a competitividade das empresas em um mercado global cada vez mais exigente.
As ferramentas de metal duro podem operar em condições severas de corte, mas a forma como o calor é gerenciado tem impacto direto em sua durabilidade e eficiência. Uma das práticas mais importantes é a escolha da estratégia de refrigeração.
Mínima Quantidade de Fluido (MQL): Essa técnica utiliza pequenas quantidades de lubrificante direcionadas ao ponto de corte. O objetivo é reduzir o atrito e o calor sem gerar o excesso de fluido típico da refrigeração convencional. O MQL é amplamente utilizado em fresamento de ligas leves e proporciona maior vida útil às ferramentas, além de reduzir custos com fluidos.
Corte a seco: Em alguns processos, principalmente na usinagem de alumínio e ferros fundidos, as ferramentas de metal duro podem operar sem refrigeração. Essa prática elimina custos com fluidos e facilita o descarte de cavacos mais limpos, mas exige ferramentas com revestimentos especiais e máquinas capazes de suportar altas temperaturas.
Refrigeração convencional: Ainda é utilizada em operações pesadas, principalmente em materiais de difícil usinagem, como ligas de titânio. O fluxo contínuo de fluido ajuda a dissipar calor e remove cavacos, evitando falhas prematuras.
A escolha da técnica correta depende do material usinado, da geometria da ferramenta e da velocidade de corte aplicada.
Para garantir o máximo aproveitamento, é fundamental adotar rotinas de manutenção e reafiamento das ferramentas de metal duro. Embora sejam altamente resistentes, o desgaste é inevitável em operações de alta velocidade, e o monitoramento permite prolongar a vida útil da ferramenta.
Reafiamento: Ferramentas sólidas, como brocas e fresas de metal duro, podem ser reafiadas diversas vezes. O processo devolve o fio de corte e prolonga a utilização da ferramenta, reduzindo custos operacionais. É essencial, no entanto, que o reafiamento seja realizado em máquinas especializadas, para não comprometer a geometria original.
Inspeção preventiva: Avaliar regularmente o estado das arestas de corte ajuda a identificar desgastes iniciais e planejar o reafiamento antes de ocorrer falha crítica.
Substituição de insertos: Em ferramentas com insertos intercambiáveis, a manutenção é mais simples, bastando trocar o inserto quando ele atingir o limite de desgaste.
Ao investir em manutenção adequada, as empresas garantem maior aproveitamento das ferramentas de metal duro, evitando custos excessivos com substituições prematuras.
Outro aspecto essencial para aumentar a vida útil e o desempenho das ferramentas de metal duro é a fixação correta da peça e da ferramenta. Vibrações excessivas podem comprometer a estabilidade dimensional da peça, gerar desgaste irregular e até provocar a quebra da ferramenta.
Fixação rígida da peça: Utilizar sistemas de fixação que garantam estabilidade durante toda a operação reduz significativamente o risco de vibrações.
Balanceamento da ferramenta: Ferramentas de grande diâmetro, como fresas de topo ou de face, precisam estar devidamente balanceadas para evitar forças desequilibradas em alta rotação.
Uso de suportes adequados: Suportes de qualidade aumentam a rigidez do conjunto, garantindo maior estabilidade e precisão no corte.
Esses cuidados são indispensáveis principalmente em operações de fresamento de cavidades profundas e torneamento em alta velocidade, onde a precisão e a vida útil da ferramenta podem ser comprometidas facilmente por vibrações.
Com a adoção crescente de tecnologias da Indústria 4.0, tornou-se possível implementar sistemas de monitoramento em tempo real para acompanhar o desempenho das ferramentas de metal duro durante a usinagem. Esses sistemas utilizam sensores instalados nas máquinas para coletar dados de vibração, força de corte e temperatura, permitindo identificar sinais de desgaste antes que se transformem em falhas críticas.
Monitoramento preditivo: Baseado em algoritmos de inteligência artificial, prevê o momento ideal para substituição da ferramenta, reduzindo paradas inesperadas.
Análise de vibração: Identifica irregularidades que indicam desgaste acentuado ou quebra iminente.
Controle de força de corte: Aumento repentino da força necessária para cortar o material pode indicar perda de eficiência da ferramenta.
Esse tipo de monitoramento garante maior aproveitamento das ferramentas de metal duro, otimiza os custos de manutenção e aumenta a confiabilidade do processo produtivo.
O avanço tecnológico tem levado ao desenvolvimento de novos graus de ferramentas de metal duro capazes de atender às demandas cada vez mais rigorosas da indústria. Esses graus são resultado de pesquisas em microestruturas, combinação de diferentes carbonetos e variação na proporção de cobalto. O objetivo é obter materiais que combinem ainda mais dureza, resistência ao desgaste e tenacidade.
Entre as principais tendências estão os graus ultrafinos e nanocristalinos, que utilizam partículas extremamente pequenas de carboneto de tungstênio. Essa configuração proporciona maior homogeneidade na estrutura, resultando em maior resistência ao desgaste e maior estabilidade em cortes de alta velocidade. Além disso, há o desenvolvimento de graus híbridos, que equilibram resistência ao calor e robustez mecânica, ampliando as aplicações em setores como aeroespacial e automotivo.
A transformação digital na indústria trouxe um novo patamar de controle e eficiência na usinagem. As ferramentas de metal duro estão sendo integradas a sistemas inteligentes que permitem monitorar, em tempo real, parâmetros como temperatura, vibração e desgaste. Isso possibilita ajustes automáticos nas condições de corte, aumentando a vida útil das ferramentas e reduzindo desperdícios.
Com a Indústria 4.0, o conceito de manutenção preditiva tornou-se realidade. Em vez de substituir a ferramenta por tempo de uso, sensores instalados nos equipamentos fornecem dados que permitem prever o momento exato em que a ferramenta deve ser trocada. Isso significa menor tempo de máquina parada, melhor aproveitamento das ferramentas e maior previsibilidade na produção.
Essa integração também favorece a automação completa de processos de usinagem em células robotizadas, em que as ferramentas de metal duro precisam oferecer confiabilidade máxima, pois o sistema depende da autonomia para operar por longos períodos sem intervenção humana.
Outro campo de inovação que está transformando o desempenho das ferramentas de metal duro é o desenvolvimento de revestimentos nanoestruturados. Esses revestimentos são formados por camadas extremamente finas, com espessura medida em nanômetros, que conferem propriedades únicas de resistência térmica e mecânica.
Os revestimentos multicamadas, por exemplo, combinam diferentes materiais para criar barreiras protetoras mais eficazes. Camadas alternadas de TiAlN e Al?O? aumentam a resistência à oxidação, enquanto combinações com nitretos e carbonetos reduzem o atrito durante a usinagem. O resultado é uma ferramenta com desempenho superior em ambientes de corte severos, como na usinagem de superligas metálicas.
Além disso, os revestimentos nanoestruturados permitem que as ferramentas de metal duro sejam aplicadas em velocidades ainda mais altas, sem comprometer a qualidade da peça usinada. Essa inovação abre caminho para processos de produção mais rápidos, econômicos e sustentáveis.
Embora as ferramentas de metal duro já ofereçam excelente relação custo-benefício, a tendência é que os avanços tecnológicos tornem seu uso ainda mais acessível. O desenvolvimento de processos de fabricação mais eficientes, como sinterização a plasma e novas técnicas de deposição de revestimentos, tende a reduzir os custos de produção.
Ao mesmo tempo, a durabilidade dessas ferramentas continuará a crescer. O objetivo das inovações é prolongar ainda mais a vida útil sem comprometer o desempenho, permitindo que as empresas aumentem a produtividade e reduzam despesas com manutenção e reposição.
Outra perspectiva é o foco em sustentabilidade. A reciclagem de metal duro já é uma prática consolidada, mas novas tecnologias estão surgindo para aumentar a eficiência desse processo e recuperar maiores quantidades de carboneto de tungstênio. Isso contribui para reduzir o impacto ambiental e tornar a cadeia de produção mais circular.
Assim, o futuro aponta para ferramentas de metal duro cada vez mais resistentes, inteligentes e acessíveis, consolidando seu papel como protagonistas na usinagem de alta velocidade.
Os insertos revestidos são uma das formas mais comuns de utilização das ferramentas de metal duro. Eles consistem em pequenas pastilhas intercambiáveis, geralmente com formatos padronizados, aplicadas em suportes que permitem sua troca rápida. O revestimento, feito de materiais como TiN, TiAlN ou Al?O?, amplia a resistência ao calor e ao desgaste.
A principal vantagem dos insertos revestidos é a longa vida útil em processos de produção em série, especialmente em torneamento e fresamento de aços e ferros fundidos. Além disso, permitem grande versatilidade, já que um mesmo suporte pode receber diferentes geometrias de insertos para aplicações variadas. A limitação está no custo mais elevado em comparação com opções convencionais e na necessidade de máquinas rígidas e precisas para aproveitar todo o potencial dessas ferramentas.
As ferramentas sólidas, como brocas, fresas e alargadores, são fabricadas inteiramente a partir do material de base, sem partes intercambiáveis. Esse formato garante rigidez superior e excelente estabilidade dimensional durante o corte. São ideais para operações de alta precisão e para a usinagem de peças com tolerâncias rigorosas.
A durabilidade dessas ferramentas de metal duro é elevada, e muitas delas podem ser reafiadas várias vezes, prolongando sua vida útil. Essa característica contribui para reduzir custos em longo prazo. Por outro lado, a desvantagem é que, quando atingem um nível de desgaste extremo, precisam ser substituídas integralmente, o que representa um investimento inicial mais alto.
O revestimento PVD (Physical Vapor Deposition) é aplicado em baixas temperaturas, garantindo que a geometria da ferramenta seja preservada. Esse processo gera camadas finas, mas de alta dureza, que reduzem o atrito e aumentam a resistência ao calor.
As ferramentas de metal duro com revestimento PVD são ideais para fresamento de geometrias complexas e operações de alta velocidade em materiais como aços inoxidáveis e ligas especiais. A principal vantagem é a possibilidade de trabalhar em velocidades elevadas com desgaste controlado. A limitação está na espessura menor da camada protetora, o que as torna menos adequadas para operações de corte pesado e abrasivo.
O processo CVD (Chemical Vapor Deposition) utiliza temperaturas mais altas para formar camadas espessas e altamente resistentes. Essa técnica cria revestimentos que oferecem desempenho superior em condições de desgaste abrasivo intenso.
As ferramentas de metal duro com revestimento CVD são largamente utilizadas em torneamento de ferros fundidos e em operações de grande volume, onde a vida útil da ferramenta precisa ser maximizada. Apesar disso, o processo de aplicação pode alterar levemente as propriedades do substrato da ferramenta, exigindo atenção especial em geometrias delicadas.
| Tipo de Ferramenta de Metal Duro | Aplicação Principal | Vantagens | Limitações |
|---|---|---|---|
| Inserto revestido | Torneamento e fresamento | Longa vida útil, resistência térmica, rápida substituição | Custo elevado e dependência de máquinas rígidas |
| Ferramenta sólida de metal duro | Perfuração, fresamento, acabamento | Alta precisão, rigidez, possibilidade de reafiamento | Substituição integral em caso de desgaste extremo |
| Revestimento PVD | Usinagem de geometrias complexas | Preserva geometria, baixo atrito, ideal para alta velocidade | Camada fina, menos indicado para cortes pesados |
| Revestimento CVD | Produção em larga escala | Maior resistência ao desgaste abrasivo, vida útil prolongada | Camada mais espessa, risco de alteração no substrato em altas temperaturas |
A comparação mostra que não existe uma única solução que atenda a todas as necessidades. Cada formato ou revestimento das ferramentas de metal duro tem sua aplicação ideal. Enquanto os insertos revestidos oferecem flexibilidade e alta produtividade, as ferramentas sólidas são mais indicadas para operações de precisão. Já os revestimentos PVD e CVD ampliam as possibilidades de aplicação em alta velocidade, cada um com suas características específicas de desempenho.
Assim, a escolha correta deve considerar não apenas o tipo de operação, mas também o material da peça, os parâmetros de corte e os objetivos do processo. Esse alinhamento garante que as ferramentas de metal duro sejam exploradas em todo seu potencial, entregando o equilíbrio entre produtividade, qualidade e custo-benefício.
As ferramentas de metal duro representam um marco na evolução da usinagem moderna, pois reúnem características essenciais para atender às exigências crescentes da indústria: alta dureza, resistência ao desgaste, estabilidade dimensional e durabilidade em condições severas. Sua aplicação em ambientes de alta velocidade de corte proporciona ganhos significativos de produtividade, redução de tempo de ciclo e melhor qualidade superficial das peças produzidas.
Ao longo do texto, ficou evidente que a escolha correta do tipo de ferramenta, do revestimento e dos parâmetros de corte influencia diretamente o desempenho em diferentes setores industriais, como o automotivo, o aeroespacial e o de moldes e matrizes. A integração com novas tecnologias, como os revestimentos nanoestruturados e o monitoramento em tempo real, reforça ainda mais o papel estratégico do metal duro na Indústria 4.0.
Mais do que um simples insumo, as ferramentas de metal duro se tornaram aliadas indispensáveis para empresas que buscam eficiência, confiabilidade e competitividade. Com as inovações em desenvolvimento e a ampliação de suas aplicações, a tendência é que esse material continue a liderar o cenário da usinagem de precisão e da produção em larga escala nos próximos anos.
São ferramentas fabricadas a partir da sinterização de carbonetos de tungstênio com ligantes como o cobalto, oferecendo alta dureza e resistência ao desgaste.
Na indústria automotiva, aeroespacial, de moldes e matrizes, além de setores de energia e petróleo.
O PVD oferece camadas mais finas e preserva a geometria da ferramenta, enquanto o CVD cria revestimentos mais espessos e resistentes ao desgaste abrasivo.
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